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domingo, maio 26, 2013

Funeral Blues ( W.H. Auden / Tradução: Maria de Lourdes Guimarães)


Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e com os tambores em surdina
Tragam o féretro, deixem vir o cortejo fúnebre.

Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os policiais de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: enganei-me.

Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram o bosque;
Pois agora tudo é inútil.






Stop all the clocks, cut off the telephone, 
Prevent the dog from barking with a juicy bone, 
Silence the pianos and with muffled drum 
Bring out the coffin, let the mourners come. 

Let aeroplanes circle moaning overhead 
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'. 
Put crepe bows round the white necks of the public doves, 
Let the traffic policemen wear black cotton gloves. 

He was my North, my South, my East and West, 
My working week and my Sunday rest, 
My noon, my midnight, my talk, my song; 
I thought that love would last forever: I was wrong. 

The stars are not wanted now; put out every one, 
Pack up the moon and dismantle the sun, 
Pour away the ocean and sweep up the woods; 
For nothing now can ever come to any good. 

April 1936


quarta-feira, maio 15, 2013

Do outro lado

                                                                                                                                               (Cláudia Efe)


Sempre haverá o outro
do outro lado
o outro do outro lado
está distante junto disperso dentro
são e louco, como um avesso


podemos ser um ou outro
ou sem réguas ou compassos 
perder-se desmedidos
um ao outro



sexta-feira, maio 03, 2013

Enquanto espero

                                                                                                                                              Cláudia Efe




Enquanto espero
o tempo passa
a lua cresce
muda inteira
enquanto espero
tudo é movimento
tudo expande
e contrai
a água desce da montanha
sol no horizonte ou vezes chuva
implacável o tempo o tempo todo muda
me diz do limite ao mesmo tempo o tempo me navega
eu infinito e tolo
sou suas noites e dias
sou sua