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domingo, outubro 29, 2006
quarta-feira, outubro 18, 2006
Nu com a minha música
Caetano Veloso
Penso em ficar quieto um pouquinho
Lá no meio do som
Peço salamaleikum, carinho, bênção, axé, shalom
Passo devagarinho o caminho
Que vai de tom a tom
Posso ficar pensando no que é bom
Vejo uma trilha clara pro meu Brasil, apesar da dor
Vertigem visionária que não carece de seguidor
Nu com a minha música, afora isso somente amor
Vislumbro certas coisas de onde estou
Nu com meu violão, madrugada
Nesse quarto de hotel
Logo mais sai o ônibus pela estrada, embaixo do céu
O estado de São Paulo é bonito
Penso em você e eu
Cheio dessa esperança que Deus deu
Quando eu cantar pra turba de Araçatuba, verei você
Já em Barretos eu só via os operários do ABC
Quando chegar em Americana, não sei o que vai ser
Ás vezes é solitário viver
Deixo fluir tranqüilo
Naquilo tudo que não tem fim
Eu que existindo tudo comigo, depende só de mim
Vaca, manacá, nuvem, saudade
Cana, café, capim
Coragem grande é poder dizer sim
A sabedoria do Oriente - Meditação, reflexões e próvérbios
segunda-feira, outubro 16, 2006
sexta-feira, outubro 13, 2006
Dos poemas desnecessários
Mando meus desmantelos
meu coração intranqüilo
minhas faltas de data
minha pouca memória
e o melhor de mim
mando o que me navega
e os outros tráfegos
mando o que foi escrito com pressa
e outras urgências
mando o louco, o torto, o cético, o romântico
mando o explícito e desvairado
mando a música, a mais bonita
mando a orquestra, a banda
e uma voz rouca e outra ainda silenciosa
digo que você me atravessa
como uma lança
e se aloja nos meus sentidos
quarta-feira, outubro 11, 2006
sábado, outubro 07, 2006
TEMPO AFORA (no CD "Vagabundo" com Ney Matogrosso, Pedro Luís e a Parede
quinta-feira, outubro 05, 2006
dos inéditos (ou quase)
ENCHANTAGEM
de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo
esperanças, cheguei tarde demais
como uma lágrima
de tanto fazer tudo parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito
pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito
que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar
tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece verdade
o pau na vida
o vinagre
vinho suave
pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade
quarta-feira, outubro 04, 2006
Devolução
a noite de hoje me sugere que eu devolva
por imensos motivos
tão ásperas palavras.
Não mais nos atordoem
as horas
nós
desvairados, sem motivo, sem razão.
Não quero para o instante único
a racionalidade da lâmina
o corte ácido do tecido morto
Prisão, eu as tenho: engendradas
Constituída da própria carne e do próprio osso
A alma é outra coisa
terça-feira, outubro 03, 2006
POEMA EM LINHA RETA
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
domingo, outubro 01, 2006
Dos poemas desnecessários
nesse instanste
são seus
e são meus
derramados
sou terra. sou pele.
não te direi:
o poema é esse lugar desnecessário
uns lugares por onde e andarei
aqui, estás comigo