Translate

sábado, novembro 18, 2006

INCRÉDULO

Cláudia Ferrari


Eu acredito no vento, na chuva franca
Nos labirintos da terra que se abrem para a raiz
e tudo é livre e cumpriu seu itinerário torto de estar
Na fecundidade do riso
Esse sim, o que rega e está vivo

Eu acredito na cópula
Na língua quente do beijo
Na saliva que se troca por outra troca
E desliza pelo fluxo implacável dos sentidos

Eu acredito nessa manhã que me rasga
Nesse amor que me desorienta
E me escreve de destino
E me tece

Eu acredito no silêncio e no estrondo
Da tarde que virá e outra noite
Nas luas que se sucedem e multiplicam
No invisível dos tempos, sobre a contundência das horas

Nenhum comentário:

Postar um comentário