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terça-feira, julho 18, 2006

BLINDADO

                                                                                                                                                Cláudia Efe

palavras de arame farpado
cercam o impossível poema
trapézio, salto, circo
sou um intermediário.

e a palavra agora é pulso
a palavra é partida
a palavra é undida
a palavra é fudida.

uso e abuso
da palavra
sem tocá-la
sem vê-la
por puro prazer
de menosprezá-la
e se eu marco mais um x
a palavra é mortalha
a palavra é cicatriz.

sou a palavra bandida
sou a palavra do jornal
a palavra do porão
a palavra palavrão
sou o vilão
o filão
o desclassificado.

e nos encontramos
eu e a puta palavra
e pactuamos o poema fatal
o poema lascivo
o poema letal
o poema veneno.

e agora somos
apenas a palavra e eu
a palavra dita
a palavra maldita
um caco de vidro
no subúrbio do poema.

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