Jorge Salomão
acordo para a noite
mítica misteriosa do mundo
existe tanta coisa
em cada coisa
os cinzeiros cheios de baganas
o fogo que se acende
se apaga
nos lábios escrito desejo
certos delírios
como luz
no meio do dia
a casa está limpa
mas parece uma cratera de um vulcão
uma armadilha
onde foi capturada uma rã
estou como um deus
fantasiado e nu
num carrousel a girar
meu tempo
infinitamente longo
as paredes desaparecem a cada passo
alguns fenômenos
harmonias
tensões
nada se sabe
dança-se tudo ao brilho do sol
procuro a mim mesmo
na iluminada janela
do pensar
no esconderijo
lá a natureza ama ficar
tudo é verso
reverso em si
e essas misturas
que sempre tenho que agitar
traçando sozinho caminhos
abrindo portas para o desconhecido
como chama
que se move
percebendo contrários
inquieto
melhor que instalar-se no banal
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