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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

contemplação

(ilustração: arquivo Google, s/referência autor)

Cláudia Efe


Tem dias que eu acordo
Com a cor da bola de gude que eu mais gostava
Com o cheiro do plástico da boneca nova
Com a fruta que eu colhi no pé
Com os desenhos do livro que eu ainda não lia
Com a bicicleta sem rodinhas
Com a primeira caneta que, até então, era um lápis

Tem dias que me acontecem
o pudim da minha avó
a casa cheia pro almoço do domingo
e aquele zigue-zague de pratos e canelas de meninos
aí eu vejo que não há passado
e que tudo está ali, de algum jeito
do seu próprio jeito
a vida escreve uns versos
pela vida inteira

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