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segunda-feira, julho 07, 2008

Acho que a briga é outra.


Cláudia Ferrari


G
en
te,
tudo se transforma. Sabemos disso, desde o ventre (alguns, até antes).
Não dá mais para fingir que peneiras nos protegem do sol.
Estou falando dos downloads. Sou contra a pirataria, não compro nada pirata. MESMO (pelo menos, que eu saiba).
Porém, baixar alguma coisa que está disponível na Internet é outro assunto.
Não dá mais para negar as convergências, os diálogos que a tecnologia estabelece. É simples e inevitável.
Direito autoral no Brasil sempre foi um fiasco. Chiquinha Gonzaga, que o diga.

Desde o XIX, a arrecadação é boa para os cofres de alguns, menos para os dos artistas (compositores, autores etc.).

Os que se alimentaram e se alimentam com os "supostos direitos" são as grandes indústrias de discos, de livros... Um vampirismo pouca vezes questionado. E também, algumas entidades que se apropriaram das categorias e que, sinceramente, me engasgam de engodo. Pouco sobrou para os que fornecem a matéria-prima: para uns, glamour; para muitos, álcool, sexo, drogas e sargeta!

Só que isso agora está às claras. As indústrias culturais perderam o seu monopólio. E isso está doendo no bolso (deles!). Mas o artista continua perdendo, como sempre. Isso não é de agora. Isso é injusto, desde sempre. Isso é covarde.

Acho que o momento é propício para uma grande transformação. Se todos os provedores que disponibilizam uma banda larga, os que fabricam um computador, os que criam um software, um pen drive, que seja! Se todos os que produzem e vendem toda essa parafernalha que serve de esteio a internautas como eu. Se toda essa indústria das infovias destinar um percentual da sua arrecadação para o artista, o autor, o escritor, o desenhista, o que criou o que está sendo disponibilizado, e seja isso o quer que seja... Se houver um pouco mais de honestidade, dignidade e ética (e isso só será possível sem os atravessadores profissionais, por favor).

Talvez eu visite Clementina de Jesus lá na sua casa própria, talvez eu veja Rosinha de Valença rodeada de conforto, talvez Cartola me pague uma cerveja e a gente não precise mais botar a vida no prego.



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